O piloto Osmar Frattini, 52 anos, chamado de herói após
salvar os apresentadores globais Luciano Huck e Angélica, os três filhos do
casal e duas babás, foi afastado do cargo pela Anac (Agência Nacional de
Aviação Civil). Desempregado temporariamente, ele pode passar por dificuldades
financeiras. Frattini precisar realizar exames para recuperar a carteira de
saúde, que foi o documento suspenso após o pouso forçado na manhã de domingo em
Campo Grande.
Conforme o piloto, é padrão da Anac suspender a carteira de
saúde após situações como a que ele passou no domingo (24), quando o avião que
ele pilotava, modelo EMB 821, conhecido pelo nome de Carajá, sofreu uma pane e
ele precisou realizar um pouso de emergência.
“Agora eu preciso passar por uma bateria de exames, tudo de
novo”, contou. O problema é que os exames só podem ser realizados em São Paulo
e no Rio de Janeiro, sendo que a Anac deve marcar as datas, ou seja, ele ainda
não sabe quando conseguirá voltar ao emprego. “Eles pagam a revalidação da
carteira, mas como tenho que fazer tudo de novo, eu terei que pagar todos os
exames”, comentou Frattini, sobre outros entraves.
Ele ainda explicou que não possui salário fixo, ganhando 10%
sobre o valor pago pelo voo. “É difícil. É uma profissão sacrificada. Temos um
gasto grande para ser piloto e somos mal remunerados”, analisou.
Osmar revelou que possui dois filhos, sendo que os dois
estão em uma faculdade, sendo medicina e direito. Ele paga, em média, pela
estadia da filha em Santa Catarina, onde cursa medicina, R$ 7 mil mensais, mas
conseguiu um desconto pelo FIES (Fundo de Financiamento Estudantil). Em Campo
Grande tem um gasto médio de R$ 1,1 mil com a faculdade de direito. “Estou com
dívidas, com o cartão de crédito quase estourando. Só eu trabalho em casa”,
expôs o piloto, sobre a atual a situação, que pode ser agravar com o
afastamento.
“Posso perder o FIES, caso fique com o nome sujo e não posso
perder”, lamentou.
Pane – A família de Luciano Huck embarcou na cidade de
Miranda, distante a 201 km de Capital, onde Angélica gravava cenas do programa
“Estrelas”, com destino ao Aeroporto Internacional de Campo Grande. A 10
minutos de Campo Grande, uma luz amarela indicou que havia uma pane na bomba de
combustível.
Imediatamente, o piloto mudou bomba de combustível, mas o
problema persistiu. “Eu acredito que seja algo no filtro de combustível. Era um
avião normal, revisado. Nós temos uma oficina própria”, analisou Osmar.
O avião começou a perder velocidade e altura rapidamente,
então, para não se chocar contra morros que estava mais a frente, o piloto
decidiu pousar na Fazenda Palmeira, na rodovia MS-080. “Não quis que isso
acontecesse, não foi por minha culpa. Estou muito arrasado com a situação”,
comentou Osmar sobre o seu primeiro acidente em 31 anos de experiência.
Sobre sua internação na UPA (Unidade de Pronto Atendimento)
do Bairro Universitário, o piloto se indignou com o descaso com a saúde.
"Precisou o Luciano e o governador intervirem para que eu pudesse ser
transferido para a Santa Casa", criticou Osmar.
Osmar ficou feliz em ter ajudado a família de
apresentadores. “Fui totalmente amparado pelo Luciano. Ele me ligou várias
vezes. Ele foi dez, foi um paizão”, finalizou.
Em entrevistas ontem, Luciano e Angélica elogiaram a atuação
do piloto e destacaram a rapidez e a perícia do piloto, que evitou uma tragédia
ao realizar o pouso forçado na fazenda.