Artigo
Gerson Firmino
A cavidade bucal não funciona apenas como alvo. Ela também
serve de porta de entrada para levar encrenca a outras partes do corpo. Infecções
crônicas da gengiva, por exemplo, podem danificar fígado e rins. Mas o grande
perigo mesmo leva o nome de endocardite bacteriana, uma infecção das válvulas
do coração que acomete com maior frequência quem já apresenta danos no órgão. Por
meio de abcesso, gengivite, periodontite e até carie, agentes bacterianos
nocivos, da boca, podem se alojar no coração e piorar o quadro, provocando até
a morte. É por isso que cardiologistas, encaminham pacientes cardíacos, ao
dentista, antes de cada procedimento. Esta atitude preventiva ajuda a diminuir
os riscos.
Veja os principais sintomas, distúrbios e doenças que afetam
a boca
AFTA - Também conhecida como estomatite aftosa, uma das
doenças mais comuns da mucosa bucal, atinge cerca de 20% da população mundial,
sobretudo jovens. São lesões dolorosas, múltiplas ou solitárias, que costumam
incomodar por cerca de 18 dias. As aftas podem ser precedidas por ardência,
coceira ou formigamento. As causas ainda não estão totalmente esclarecidas, mas
suspeita-se que sejam relacionadas a predisposição genética, trauma, alergia,
hormônios, estresse e doenças autoimunes. O tratamento depende de cada caso.
Não há cura, mas medicamentos específicos diminuem a sua frequência e
gravidade.
BOCA SECA OU XEROSTOMIA - Com o avanço da idade, as
glândulas salivares diminuem a produção, o que pode provocar secura na boca e, consequentemente,
dificuldades para falar, mastigar e engolir alimentos. A saliva fica mais
viscosa, espessa e espumosa e a língua arde - um quadro que também afeta a
sensibilidade do paladar. De acordo com o estomatologista Artur Cerri, o hábito
de fumar e de ingerir bebidas alcoólicas, além do uso de determinados
medicamentos, como antidepressivos e anti-hipertensivos, também contribuem para
a redução da salivação. Além do incômodo, este problema pode trazer consequências
mais graves. "A saliva possui anticorpos com ação antibacteriana e antimicrobiana,
por isso a redução de sua produção deixa a pessoa exposta a uma série de
doenças", alerta Artur Cerri. Remédios e até saliva artificial são alguns
cuidados que ajudam a amenizar o distúrbio.
GENGIVITE E PERIODONTITE - A inflamação da gengiva (gengivite)
é desencadeada pelo acúmulo da placa bacteriana, que se forma principalmente
pela má higiene dos dentes. A região fica avermelhada, inchada e costuma
sangrar. A simples remoção da placa bacteriana resolve o caso, mas se não for
feita o quadro pode evoluir para periodontite. Isso ocorre a partir do momento
em que as fibras e os tecidos que suportam a arcada dentária ficam
comprometidos. Neste momento, sem intervenção de um especialista, há risco de
perda de dentes. Vale lembrar que a predisposição genética é um fator relevante
para o aparecimento.
HERPES - O herpes é uma doença infectocontagiosa,
sexualmente transmissível, causada pelo vírus herpes simples (VHS), que fica
latente no organismo. Pode ser contraída pelo beijo e se manifesta em situações
de baixa imunidade, exposição solar e, no caso das mulheres, durante a
menstruação. São pequenas bolhas, que surgem geralmente nos lábios e duram, em
média, duas semanas. "Todos têm contato com o VHS na infância, mas a
maioria desenvolve resistência a ele", diz o estomatologista Carlos
Eduardo Ribeiro da Silva. "Não existe cura para o herpes. Porém,
medicamentos antivirais conseguem amenizar os sintomas e acelerar o
desaparecimento das bolhas", garante.
MUCOCELE - Comum em crianças, trata-se de uma lesão em forma
de bolha, localizada geralmente no lábio inferior, causada pelo entupimento das
glândulas salivares. "Muitas crianças têm o hábito de mordiscar o lábio, o
que acaba causando a mucocele", explica o estomatologista Francisco Pacca,
da USP, Unisa e Unicastelo. "Normalmente, é necessária cirurgia para a
remoção deste tipo de lesão."
HALITOSE - Termo da medicina para o conhecido mau hálito,
pode ter mais de 50 causas. No entanto, segundo o estomatologista Carlos
Eduardo Ribeiro da Silva, 90% delas estão relacionadas ao estado em que se
encontra a boca. Diferentemente do que a maioria das pessoas acredita,
pouquíssimos casos têm origem no estômago. "Basicamente, a halitose é
provocada por falta de higienização ou limpeza inadequada, sobretudo da língua",
afirma o especialista. O acúmulo de alimentos forma placas brancas de origem
bacteriana na superfície da língua - a chamada saburra lingual. Ali, mais de
700 microrganismos passam a produzir compostos sulfurados voláteis que liberam
enxofre, gás responsável pelo odor desagradável. "Para prevenir este mal,
é preciso manter uma higiene completa. A escova de dentes pode ser usada para
limpar a língua, embora também existam à disposição raspadores linguais,
vendidos em farmácias", orienta o especialista.
CANDIDÍASE - Conhecida como 'sapinho', esta doença é causada por fungos e manifestada pela formação de manchas brancas e avermelhadas pela cavidade bucal (como no palato) ou feridas no canto da boca. Estes sinais atingem qualquer lugar da cavidade oral e normalmente não causam dor. A candidíase geralmente é desencadeada em situações em que há queda na resistência do organismo. O tratamento é simples e requer apenas aplicação de remédios antifúngicos.
MONONUCLEOSE - A mononucleose, causada pelo vírus Epstein-Barr (VEB), é mais conhecida como 'doença do beijo', pois esta seria a principal forma de transmissão. Depois de um período de incubação de 30 a 45 dias, o vírus tende a permanecer para sempre no organismo da pessoa. Pode ser assintomática ou apresentar sintomas que incluem fadiga, dor de garganta, tosse, inchaço dos gânglios, perda de apetite, inflamação do fígado e hipertrofia do baço. Na boca, frequentemente aparecem pequenos pontos avermelhados na região do palato (céu da boca). Não há tratamento para a doença. Para amenizar os sintomas, utilizam-se analgésicos, antitérmicos e, se necessário, medicamentos contra enjoo.
GRANULOMA GRAVÍDICO - Durante a gestação, por causa da ação dos hormônios femininos, a gengiva feminina se torna mais suscetível a inflamações, podendo sangrar e provocar mau hálito. Esse tipo de gengivite é chamado de granuloma gravídico e requer tratamento odontológico.
SÍNDROME DA ARDÊNCIA BUCAL - Ou simplesmente SAB, é uma alteração da sensibilidade da mucosa da boca, caracterizada por ardência, dor ou sensação de coceira. A língua, principalmente em sua região anterior, é o local mais atingido. "Normalmente, a síndrome atinge pessoas acima de 50 anos. As causas ainda não são totalmente conhecidas, mas acredita-se que o seu aparecimento esteja associado à depressão", explica Francisco Pacca.
CÂNCER BUCAL - O Brasil é o quinto país do mundo em
incidência de câncer de boca, o que inclui os tumores malignos de lábios e da
cavidade oral. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), do
Ministério da Saúde, este é o oitavo tipo de câncer mais freqüente nos homens e
o nono entre as mulheres. E, segundo as projeções para 2005, até o final do ano
serão registrados no país mais 9.985 novos casos envolvendo o sexo masculino e
3.895 o feminino.
O estomatologista Jayro Guimarães Jr. explica que 95% desses
tumores se desenvolvem na forma de carcinoma epidermóide. "Ou seja,
aparecem como uma ferida que nunca cicatriza e cresce progressiva e
rapidamente, infiltrando-se nos tecidos vizinhos", explica. O tratamento é
feito por meio de cirurgia para retirada do tumor, podendo ser empregadas
radioterapia e quimioterapia. Como em outros tipos de lesões cancerígenas,
quanto mais precoce for o diagnóstico, maiores serão as chances de sobrevida. O
grande problema, segundo o estomatologista Artur Cerri, é que há poucas
campanhas de prevenção contra o câncer de boca e as pessoas costumam procurar
ajuda muito tarde. "Cerca de 85% dos casos são descobertos em estágio
avançado, o que dificulta o tratamento e cura. Resultado: 50% dos pacientes
morrem em um ano após o diagnóstico", lamenta o especialista.
O principal agente causador do câncer na cavidade bucal é o
cigarro, mas o álcool tem efeito potencializador. Nos lábios, o tumor maligno
também pode ser desencadeado pela exposição ao sol sem o uso de protetores
contra os raios ultravioleta, especialmente em pessoas de pele e olhos claros.
As principais formas de prevenção, portanto, são parar de
fumar, reduzir o consumo de bebidas alcoólicas e usar filtro solar labial.
Outra recomendação é ficar atento às feridas na região que demorem mais de 15
dias para cicatrizar. Não quer dizer que necessariamente sejam câncer, mas é
preciso investigar. Ao notar qualquer lesão suspeita, procure um médico ou
estomatologista.
Dentista Gerson
Firmino de Oliveira é especialista em buco-maxilo-facial, Júnior e atende em
Presidente Epitácio e região (rua Fortaleza, 9-35) – telefones 18 – 3281 6230
do consultório e para emergências 18 – 9 9618 9864 e 9 8179 3943. Gerson é
especializado em odontologia de alta complexidade, medicina oral e odontologia
hospitalar, além de atender todos os procedimentos odontológicos que o paciente
necessita.
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