A região de Presidente Prudente é a segunda com o maior
índice de envelhecimento do Estado de São Paulo, segundo estudo divulgado ontem
pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados). Conforme a pesquisa
– que analisou o período de 2000 a 2012 – o crescimento populacional no Estado
é cada vez menor, resultado da redução da fecundidade e da maior sobrevivência.
Segundo os dados, a população está se tornando cada vez mais
envelhecida, reduzindo a parcela infanto-juvenil (menores de 15 anos) e aumentando
a de pessoas com 60 anos ou mais.
O índice relaciona o número de idosos para cada 100 crianças
e jovens com menos de 15 anos, e as regiões administrativas com maiores
proporções de idosos, que situam-se no oeste e no noroeste do Estado. Em
primeiro lugar, a região de São José dos Campos apresenta um índice de 93%. A
10ª RA (Região Administrativa do Estado, composta por 53 municípios) tem a
segunda porcentagem mais alta: de 85,7%, e Araçatuba, a terceira (85,3%).
Ainda conforme o estudo, da população prudentina – de
845.917 pessoas – 154.062 tem menos de 15 anos (18,2%), 559.846 tem entre 15 e
59 (66%) e 132.009 com mais de 60 anos (15,6%).
De acordo com o sociólogo Luiz Sobreiro Cabreira, o índice
de envelhecimento aumenta com a prolongação da vida, ocasionada pelo
desenvolvimento da ciência e da tecnologia. “Uma pessoa na idade média poderia
morrer por uma infecção causada por uma cárie. Hoje, obviamente isso não
acontece, pois os mecanismos que levavam ao óbito diminuíram”, expõe.
Segundo o especialista, “na outra ponta há também a
natalidade sendo controlada” por três elementos. O número constituinte de uma
família da década de 50 para hoje diminuiu “assustadoramente”. A razão da
grande quantidade de filhos na época era a formação de mão de obra. “Famílias
tinham renda vinda do trabalho dos filhos, que também representavam a
aposentadoria dos pais”, explica.
No entanto, com a Revolução Industrial, o custo de
sobrevivência dessas crianças aumentou e se deu o surgimento de leis
trabalhistas que impediram o trabalho infantil, tornando “custoso e inadequado
ter grande quantidade de filhos”. Outro fator contribuinte, segundo Cabreira, é
a economia. “Muitas pessoas procuram primeiro se firmar na profissão e se
garantir no mercado de trabalho para depois casar e procriar”, diz o sociólogo.
A emancipação da mulher também tem um papel importante, pois com isso “elas têm
certas restrições em ficar em casa cuidando dos filhos”.
O terceiro elemento que diminui a natalidade, conforme
Cabreira, é cultural. “Hoje colocar 2 ou 3 filhos no mercado de trabalho não é
fácil, isso alimenta o estereótipo do pai que não quer que seu filho sofra o
que ele sofreu”, completa. “Somos uma sociedade mundial que está envelhecendo e
prova disso é a existência de movimentos de casais que fazem parte de clubes de
famílias sem filhos, o que antigamente seria deplorável aos olhos da
sociedade”, observa.
Impacto
De acordo com o economista Eder Canziani, o índice de
envelhecimento traz impactos para a economia do país. Dentro da PEA (População
Economicamente Ativa) existem três faixas, conforme ele. A primeira, composta
por jovens de 0 a 16 anos, é não contribuinte. A segunda, com pessoas de 16 a
64 anos, é produtiva, e a terceira, dos que têm mais de 64, também não
contribui economicamente.
Segundo Canziani, o índice de envelhecimento traria impacto
na geração de empregos, pois essa parcela que deveria deixar de trabalhar,
muitas vezes, não abandona a função, por não receber uma aposentadoria
suficiente para suprir suas despesas. “Eles acabam impedindo que os jovens
ocupem os cargos”, salienta.
Ainda conforme o economista, com a diminuição do crescimento
populacional, o país teria uma diminuição na população futura e haveria menos
jovens para atuar no mercado.
Projeção
Segundo projeção divulgada em 2012 pela Fundação Seade, em
2030, a estimativa é de que haja 62,8% a mais de idosos na 10ª RA. A população
acima de 60 anos irá superar a de jovens, que terá redução de 18,8% no período.
O deslocamento do grupo etário predominante também comprova
esse envelhecimento. Em 2012, 16,6% da população tinha de 20 a 29 anos,
enquanto em 2030, a faixa com maior número de pessoas (15,6% do total) será a
de 30 a 39 anos.
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