Gabriel

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Região é 2ª com maior índice de envelhecimento



A região de Presidente Prudente é a segunda com o maior índice de envelhecimento do Estado de São Paulo, segundo estudo divulgado ontem pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados). Conforme a pesquisa – que analisou o período de 2000 a 2012 – o crescimento populacional no Estado é cada vez menor, resultado da redução da fecundidade e da maior sobrevivência.

Segundo os dados, a população está se tornando cada vez mais envelhecida, reduzindo a parcela infanto-juvenil (menores de 15 anos) e aumentando a de pessoas com 60 anos ou mais.

O índice relaciona o número de idosos para cada 100 crianças e jovens com menos de 15 anos, e as regiões administrativas com maiores proporções de idosos, que situam-se no oeste e no noroeste do Estado. Em primeiro lugar, a região de São José dos Campos apresenta um índice de 93%. A 10ª RA (Região Administrativa do Estado, composta por 53 municípios) tem a segunda porcentagem mais alta: de 85,7%, e Araçatuba, a terceira (85,3%).

Ainda conforme o estudo, da população prudentina – de 845.917 pessoas – 154.062 tem menos de 15 anos (18,2%), 559.846 tem entre 15 e 59 (66%) e 132.009 com mais de 60 anos (15,6%).

De acordo com o sociólogo Luiz Sobreiro Cabreira, o índice de envelhecimento aumenta com a prolongação da vida, ocasionada pelo desenvolvimento da ciência e da tecnologia. “Uma pessoa na idade média poderia morrer por uma infecção causada por uma cárie. Hoje, obviamente isso não acontece, pois os mecanismos que levavam ao óbito diminuíram”, expõe.

Segundo o especialista, “na outra ponta há também a natalidade sendo controlada” por três elementos. O número constituinte de uma família da década de 50 para hoje diminuiu “assustadoramente”. A razão da grande quantidade de filhos na época era a formação de mão de obra. “Famílias tinham renda vinda do trabalho dos filhos, que também representavam a aposentadoria dos pais”, explica.

No entanto, com a Revolução Industrial, o custo de sobrevivência dessas crianças aumentou e se deu o surgimento de leis trabalhistas que impediram o trabalho infantil, tornando “custoso e inadequado ter grande quantidade de filhos”. Outro fator contribuinte, segundo Cabreira, é a economia. “Muitas pessoas procuram primeiro se firmar na profissão e se garantir no mercado de trabalho para depois casar e procriar”, diz o sociólogo. A emancipação da mulher também tem um papel importante, pois com isso “elas têm certas restrições em ficar em casa cuidando dos filhos”.

O terceiro elemento que diminui a natalidade, conforme Cabreira, é cultural. “Hoje colocar 2 ou 3 filhos no mercado de trabalho não é fácil, isso alimenta o estereótipo do pai que não quer que seu filho sofra o que ele sofreu”, completa. “Somos uma sociedade mundial que está envelhecendo e prova disso é a existência de movimentos de casais que fazem parte de clubes de famílias sem filhos, o que antigamente seria deplorável aos olhos da sociedade”, observa.



Impacto

De acordo com o economista Eder Canziani, o índice de envelhecimento traz impactos para a economia do país. Dentro da PEA (População Economicamente Ativa) existem três faixas, conforme ele. A primeira, composta por jovens de 0 a 16 anos, é não contribuinte. A segunda, com pessoas de 16 a 64 anos, é produtiva, e a terceira, dos que têm mais de 64, também não contribui economicamente.

Segundo Canziani, o índice de envelhecimento traria impacto na geração de empregos, pois essa parcela que deveria deixar de trabalhar, muitas vezes, não abandona a função, por não receber uma aposentadoria suficiente para suprir suas despesas. “Eles acabam impedindo que os jovens ocupem os cargos”, salienta.

Ainda conforme o economista, com a diminuição do crescimento populacional, o país teria uma diminuição na população futura e haveria menos jovens para atuar no mercado.



Projeção
Segundo projeção divulgada em 2012 pela Fundação Seade, em 2030, a estimativa é de que haja 62,8% a mais de idosos na 10ª RA. A população acima de 60 anos irá superar a de jovens, que terá redução de 18,8% no período.

O deslocamento do grupo etário predominante também comprova esse envelhecimento. Em 2012, 16,6% da população tinha de 20 a 29 anos, enquanto em 2030, a faixa com maior número de pessoas (15,6% do total) será a de 30 a 39 anos.



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